quinta-feira, 10 de junho de 2010

CAFÉ

Eu era criança eu não gostava de café, achava que era uma boca amarga. Eu brincava umas vezes com uns grãos de café duns pés numa roça da minha tia avó no sul de Minas. Minha mãe tinha e ainda tem um moedor de café, peça de museu, tinha uma gavetinha de onde era para ele sair muído. Eu cheguei de gostar de café já não sei bem quando de lá pra cá, nesse decorrer. Minha mãe deixou sempre um bule pequeno com café numa panelinha azul com água, banho Maria. Minha mãe chama Maria. De uns tempos virou um prazer e uma necessidadedocérebro, um turbina que joga um ar com maior pressão em meu motor. Meu pai trabalhou uns três anos, mais até, com cafés expressos, trabalhando, entre doses e máquinas e estabelecimentos, no Rio de Janeiro, cidade quente. Aqui no norte o café é jogado direto na água com açúcar, só depois que coa. (Cua?). Café não pode faltar no barraco. Café é um instante do dia, uma harmoniasinha sentado.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

AMORES POSSÍVEIS

Sufyan Yane é Nigeriano morador de Xiaobei Lu, china. Migrou da África numa mistura de animação com os euros juntáveis e desespero pela pobreza que o rodeava e perpassava. Casou-se com uma chinesa chama Hanna e tem um menino pequeno, Arafat. Algumas pessoas acham-na estranha por ter casado com um africano, chocolate, como dizem lá. Eles aprendem devagar a conviver um com o outro, estranham umas diferenças, uns modos de ser de outro lugar. Se esforçam no comércio de quinquilharias, querem ganhar dinheiro, ter uma casa boa num bom bairro, conseguir renovar sempre o visto de trabalho de Sufyan. A china tem endurecido com a imigração, fato novo. Hanna teme a nigéria, fica insegura de ir com o filho.

Cida mora na terra indígena taiuborá, nome do povo que a habita. Ela é de outro grupo, dos paroiá. De seu grupo sobrou um casal de primos seus, já velhos, com seus dois filhos. Ela fugira de lá quando sua aldeia foi invadida e massacrada por guaxebas dos fazendeiros. Ficou na mata sozinha por dias, não sabe dizer quantos, até buscar refúgio na casa de beiradeiros na margem do Rio Bola, que a acolheram. Ficou meio de empregada doméstica um tempo entre eles. Um dia a Funai foi avisada, ela passou a morar entre os taiuborá, se casou. Seu marido morreu, ela casou com o irmão dele. Eles vivem juntos hoje, ele é ciumento. Eles parecem ranzinzas, mas dormem abraçados na rede sempre. Elas faz massagem quando ele carrega muito peso.

Moisés é engenheiro florestal. Sempre quis trabalhar no norte do Brasil, ele que é mineiro. Sempre se encantou por florestas, achava que elas eram valiosas, queria trabalhar nelas, com elas, com o povo delas. Conseguiu um trabalho um dia e ficou feliz, foi conhecer pessoas novas, indios, ribeirinhos, se deu bem entre eles. Se esforçava para que seu trabalho ajudasse o meio onde estava. Tirou uma folga um dia e foi visitar o irmão em São Paulo. Falava pouco com o irmão, flutuaram distintos. Foi numa boate, achou o preço absurdo, mas estava com o irmão, ele quis.Conheceu Flora, e o olhar de flora derreteu os pés dele. Suou frio. Flora trabalhava na PriceWaterHouseCoopers. Menina sofisticada e segura de si. Bem plantada no mundo. Flora se despediu dele e eles sem falam as vezes, sonham de longe, sem saber bem por quê, ou como.