sábado, 25 de fevereiro de 2012

Depois de cinco anos que todos sumiram. março de 2017
Um cigarro velho já quase findava queimando o lado de dentro do dedo da mão. Me desperta, no susto, a dor. Meu consciente observa a situação com o olho fechado, cabelo balançando o vento da cara. Cabeludo, usando há cinco anos os melhores cosméticos do planeta de graça. Me habituara a usar os mesmos pertences para pertencer a alguma coisa. Para ter um pedaço daquela solidão que fosse meu. A gente começava a cada um viajar no seu universo particular depois de muito tempo junto. No começo a gente não se separava nunca, por medo, insegurança, o que as vezes foi até um desespero de incredulidade. Depois mais não. A gente se avisava mas saía, andava. Paramos de beber por uns meses, era depressivo acordar de ressaca sem hora pra nada nem prazo de nenhum dia de entrega. Algo a que se entregar. O vício era fácil de se pegar com qualquer coisa. Mas os dias de festa não tinham festividade. Festa sem outro diverso não era bom. Um mix de moradores de rua e de milionários nós éramos. Eu estava andando numa perua antiga que eu achei,`"deluxe". Quis um carro ao qual eu pertencesse também, depois de dirigir sem excessão todos os carros das vitrines da Rua augusta. Onde eram os bairros dos ricos e hoje pobreza e riqueza são nosso boi morto, nossa luz do gerador. Mas a gente sabia que tinha alguma coisa certa no meio daquela completa falta de tudo. Todos são tudo.