sexta-feira, 17 de abril de 2009

Várzea Grande, mato grosso


Uma virtuosa busca por distintos fundos de olhos, idéias e expressões, sorrisos e lástimas, confissões, jeitos de dizer as coisas, motivações e pensamenstos mais ou menos sublimes, confrontar o homem pelo egoísmo de confrontar a sí, e a matéria poesia corroída de gelo e sangue, o uso e desuso dos hábitos humanos impregnados do suor das rugas correspondentes, as marcas corporais das opções dos espíritos, a difusão da regressão de idéias que incomodam a alma, a demanda universal pelo lado mulher do mundo, a expectativa viciante da novidade humana - a condição que humano nos faz. O embrenhar-se compromissado em tudo que é de gente em busca da consciência e de sorrisos perenes, de pequenas frases aliviantes da vida e da pressão sanguínea, eis o viajar que desde cedo me tornou quem sou ou quem transformo sempre.

domingo, 12 de abril de 2009

Meus chegados amapaenses


Sim, quero ter grana e um pequeno punhado de bens, uma boa mulher e uns poucos filhos. Mas o que mais dou valor não vida são os trutas e as trutas, andar de novo por onde andei e ver que tenho-os ainda, e saber que ainda os terei adiante. Duas vizinhas, Samires e Jeciane. Duas lindas paraenses de Óbidos, que de tanto me falarem de sua cidade já conheço um pouco das ruas e dos rumores. Duas moças de um coração do tamanho do Pará, que me acolheram na vizinhança e me quebraram infindáveis galhos. Com quem descobri que churrasco é a melhor alternativa quando não se tem fogão, companheiras de ices no pátio e de sorvetes de castanha na jesus de Nazaré. Às duas, minha grande gratidão e amizade
Henrique, tairo Arara, grande amigo de varanda e de sons. De conversa jogada fora para reciclagem, que já está pronta no outro dia. Cidadão de indescritível altruísmo e apreço pelo seu quintal pró-biótico, homem que já está se fundindo ao quintal por raízes.
Que mora com Cláudia e claudinha, tendo este trio me recebido já na comemoração de um aniversário no qual eu estava náufrago, e onde fizemos uma grande feijoada em minha primeira despedida de Macapá. Claudinha de fala tão serena que acalma, de indecisos caminhos e de alma tão doce. Aos três, um salve retumbante.
Giu e Akyky, companheiros de empreitas, de andanças em matos e em bares de Macapá, com quem partilho o tabu das dez brejas - nunca menos -. Que se fixaram no Amapá e conheceram o interior, os rincões, as pessoas, o povo, se envolveram no suor do amapá pelo compromisso com quem se fode e pela raiva por quem os fode. Com quem manguacei e cantei, lavei a alma, antes de partir. Aos dois, meu obrigado pela hospitalidade e minha sincera admiração. Ejimorypa te peje.
João Carlos, companheiro de longas viagens de toyota pela perimetral norte, de tirar carros de atoleiros de lama, e de longas kaisers ao som de brega e melody. Um grande amigo para toda a vida.
Beto motora, sereno camarada de asssados e geladas.
Evandro, amigo novo, cidadão de uma calma inacreditável e de poucas palavras, que embora pouco convivio tenhamos, amigos nos considero. grande abraço Kãkãtori.
Ana e Serginho, também novos amigos vindos de rondônia ao amapá, cariocas gentes finas e de fala intensa. Novos irmãos que espero manter na vida.
Jorge e felipe, dois nego da zona leste de são paulo, jorge muito sangue bom daqueles que vira brother em meia hora, retrato de são paulo que se amapaíza aos poucos, vendendo livros em seu sebo macapaense.
Herbert e adriana, poetas e malucos, felizes e sangue bons.
Raquel, maranhense purreta por quem tenho carinho infinito.

A todos, um abraço e muito obrigado


Brasília, ou uma manhã inteira

Já vinha de algumas tantas noites uma superficialidade de sono que me incomodava. Para cada uma delas uma justificativa imediata, micro, se punha: karapanãs (mosquito), calor sufocante, neblinas mentais, ressaca. Hoje a manhã foi como o despertar de um sono que cruzou uma época. Minha noite foi densa e profunda, escura no bom sentido, reconstrutiva e equilibrante. Num sonho, estava com Dani, dé, eiel e João numa festa, onde falávamos descontraídos com umas moças bonitas.
Os primeiros minutos parados no tempo. Brasília com suas largas avenidas esvaziadas de carros neste domingo de páscoa. No silêncio do hotel vazio, só um pequeno zunido do motor do frigobar vibra entre um ar pesado pelo silêncio. Solidão? Não, paz. Depois de dias intensos, um mês que pareceu três.
No começo o andar por Macapá novamente, uma perene sensação de dejavú que demorou um tanto a passar. As ruas sem calçada, o rio majestoso, o sotaque ao qual rápido me adapto novamente. Consciência do pouco de história que tenho, que não é tão pouco assim já. O adentrar no trabalho, a necessidade imediata, imprevista, de me acolher num canto. Contrato, burocracias imobiliárias, e eu com os olhos vendados pelo lenço do momento que não me permitia ver um pouco mais distante. Fiz o que pude e o que dava.
Depois um desconforto na alma, aquelas sensações dificilmente racionalizantes que nos entra pela barriga, e muitas vezes não sai. Uma rotina para a qual nunca estive preparado, nem quero estar. Macapá é uma boa cidade, promissora, local para empreendedores, mas um tanto árdua para um forasteiro, acostumado a comodidade das padarias paulistanas. As coisas distantes, os serviços dos quais eu dependia, escassos. Aprendo a não reclamar da vida, Babá me disse que não adianta. Segui firme, cabeça levantada, mas com a certeza de que não era para ser daquela forma. E por umas outras tantas razões também que não vale a pena externalizar aqui, dada a publicidade do instrumento.

Algumas gotas d´água e uma decisão, uma decisão incerta mais segura, como se pôr num caminho cuja distância não conheço, de forma que não podia calcular os suprimentos. Mas caminho também se faz andando, e sabê-lo e muuuito diferente de percorrê-lo. A decisão me trouxe certa angústia, pelas relações com os envolvidos, por uma ética que preciso entender melhor (para não ter culpas indevidas), e por cair no mundo sem dinheiro no bolso. Mas o caminho apareceu entre a folhagem do chão. Uma oportunidade de ouro surgiu, a utopia de quem sabe trabalhar de novo em algo que acredito. E aqui estou naquela manhã cinza de Brasília, reconfortado pelos objetos que me cercam inertes no meu movimento e pela completude que sinto fechando os olhos.