quinta-feira, 8 de maio de 2008

Frangos assustados nas costas do tatu


Em diversas granjas espalhadas pelo interior do estado se criam frangos. São grandes estufas retangulares com tetos e paredes cobertas para isolar as galinhas das intempéries da natureza. Vários refeitórios redondos se distribuem em meio ao pátio de convivência, e nestes os frangotes se aglutinam degustando ração, rica em hormônios do crescimento para encurtar-lhes o sofrimento da vida e alargar a lucratividade do produtor. Sem parar, tendo os períodos noturnos reduzidos por luzes artificiais, as galinhas comem, ciscam. Não se pode fazer barulho brusco algum nestes celeiros modernos, pois de tanto comerem, as galinhas tem as veias do coração fragilizadas, e pequenos sustos interrompem-lhe a vida. Algumas vezes por dia um funcionário recolhe os defuntos das mais estressadas.
Uma parte dessa galinhada se consome como carne mesmo, assada na tv de cachorro, frita, ao gosto nosso de cada dia. Outra parte vai para sei lá o que e outra parte, a que me interessa aqui, é usada para se produzir Steak de frango: A CARNE MECANICAMENTE SEPARADA DE AVES. Tal pedaço é transformado em seiva de frango através de seu dilaceramento. Vira papa, suco gelatinoso-protéico com sangue e víscera. A essa papa se somam outras coisas desconhecidas, que engrossam a massa e aumentam o peso. Sendo a massa maleável, é prensada em bifes que lembram o formato original do filé integral: steaks. De consistência duvidosa, de gordura gelatinosa, de sabor variável.
Quando eu passava pela Rua Tuiutí, no Tatuapé (do tupi – costas do tatu), numa estufa de salgados descansavam de sua fabricação três steaks. Bonitos, pedi um. Esquentado nas microondas ficou ainda mais gelatinoso e estranho. Carne fabricada. Eu dei algumas mordidas e tive de desperdiçar, que é pecado, mas pecado original é a fabricação de steaks batavo. Outros são melhores.
Eu fui embora e dois steaks ficaram lá na estufa. Não sei por quanto tempo. Steaks de carne mecanicamente separada de aves que de tanto que comem não podem se assustar.

2 comentários:

oliv12345 disse...

junk..e pensar que dou isso pra minha guria de 4 anos..sempre notei esta coisa gelatinosa..to com uma cara horrível só de pensar nisso..

Administradores Associados da PUC Minas Arcos disse...

Oi cara... achei bakana sua história! Cheguei até ela porque estou com justamente um projeto prá produção dos "steaks". Mas aí vai a boa notícia!! Não são de aves, porém, vai levar uma pequena porção de carne bovina. O diferencial é que serão tipo uns 20% de carne bovina e o restante é "segredo" mas esse restante é justamente o meu diferencial... o famoso omega³. Até mais.