domingo, 2 de maio de 2010

Rondônia começou a existir quando o pessoal do Cândido Rondon abriu a linha telegráfica, daí o nome. A linha aberta virou a estrada que alcança e corta o estado hoje em dia. O que a região teve de história antes disso, foi história dos habitantes anteriores, os índios, que não merece muito destaque no imaginário nem na cultura daqui. No Amapá, por exemplo, a população foi se construindo aos poucos enquanto sociedade num processo de mescla, de vinda de ribeirinhos indígenas para a cidade, e se juntando ai a forasteiros que foram lá tentar a vida, desde franceses nos séculos antes, até uns perdidos hoje em dia, e a negros escapados da escravidão na guiana. O que resultou foi uma sociedade onde dá pra ver uma história, uma influência do seu passado, apesar da velocidade das mudanças.
Rondônia é diferente. É uma extensão do sul do Brasil, pelo menos pelo pouco que eu vi, tive essa impressão. É raro ver um avô com seus netos nascidos aqui. As referências de passado das pessoas não são enraizadas onde elas vivem, dizem o "na minha terra" localizando o passado noutro espaço. São junções de histórias que não se identificam juntas bem como a história de um lugar. Disso nasce um lugar sem história, que não olha para si como coletivo. As ruínas do posto telegráfico de Rondon são um canto qualquer que quase ninguém sabe que existe.
Como espaço de gente que veio tentar melhorar a vida, ganhar dinheiro, é um espaço imaginado de projeção do desenvolvimento, de anseio econômico, de olhar só pra frente. De não olhar para si - qual si sem passado? - e olhar para fora buscando longe, no sul, suas referências.
Um olhar parcial, meu, que estou aqui a pouco tempo, e meio de mal humor. Ou seja, pode ser pode não ser.

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