sábado, 23 de maio de 2009

Jackson Flores - I

Como disse de Jakson, ele desvendava a mesmice operando em absurdo. Não era simples, mas ele estava experimentado para sim.
Homens vindos de longe tiraram as fotos e fizeram os cálculos. Estabeleceram as medidas e as projeções. A profundidade, a altura, o peso, a extensão, a expectativa, os prazos, as taxas, os disfarces, as mentiras, os preços, as saudades e as perdas alheias. Fizeram relatórios precisos e apresentaram aos superiores. Foram feitos requerimentos. Houve pressão. Os interessados ignoravam os interessantes.
Jakson Flores recebeu e produziu mensagens de morte. Algumas coisas ficaram duras. O amor virou uma categoria à parte, assim autônoma, em separado.

Fora descoberta uma mina de tintalita no vasto território onde Flores desvendava o traçado das trajetórias dos calangos quando infante. Onde sua linguagem se construiu na hermenêutica seca da areia ao vento. As pessoas que viviam ali – capinando as daninhas da mente e tirando o mofo dos sentimentos ao sol – não sabiam disso. Jakson, Hermes, Sombra boa, Marias, Apóstolo, Rubiany, Rifábia, Pitangas, Galo da serra cantador, piau, João, e os Cães vadios que vivem fora do tempo. Por não saberem não se afobavam, não temiam, especulavam o mistério com fé e coragem. E esperança de terem ajuda para seu sofrimento esporádico. Era uma gente toda operando em dureza e sonho.

A jazida era valiosa, disseram. Jakson titubeava e buscava refúgio no mesmo, que não era mais o mesmo, não se desvendava com desenvoltura local.

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